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14Mai
Ir além do Medo
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Quando vais além do medo e te permites falhar e acabas não falhando, pode ser que seja apenas Vida a manifestar a sua Abundância e Generosidade.

Esta estória começa em meados de outubro de 2017 com um inesperado desafio da Isabel Guimarães: Queres vir comigo fazer o exame de competências astrológicas da ISAR? Queres vir a Belgrado? E ainda acrescentou temos um mês e pouco para nos prepararmos.

Foi como se tivesse passado por um choque térmico profundo…primeiro uma onda quente e agradável a dizer sim, seguida por uma gélida onda de medo que berrava: e se falho??!

Ainda atordoada pelo efeito do choque, acabei por dizer sim, vamos! Devo dizer que a alternância “térmica” que este desafio me provocou, embora com dias em que foi menos intensa durou até à véspera do exame.

Embora me tenha habituado a leituras e audições de Astrologia na língua inglesa, a verdade é que assustava bastante, para não dizer muito, ter que traduzir todo esse conhecimento para inglês escrito. Quem é eterno estudante de Astrologia sabe que se trata duma linguagem bem complexa e cujas fronteiras vão muito além da nossa dimensão humana, e enfrentar um exame que avalia o quanto já percorremos esse caminho já era aterrador, mas acrescentando a questão da língua inglesa, ao contrário da música que diz “a língua inglesa fica sempre bem; E nunca atraiçoa ninguém”, foi absolutamente intimidante.

Nesta estória, como tantas vezes na vida, a cada dia, havia que olhar o medo de falhar nos olhos e dizer: se falhares, nada de mal te acontecerá…será apenas um desafio que fica por vencer, nada mais!

E assim foi! Depois de horas e horas e horas, e ainda mais algumas horas, todas as que os deveres quotidiano permitiam, a rever temas já conhecidos, e apaixonar-me por outros que não conhecia, a trocar dicas e perguntas com a Isabel, com quem interiormente me zanguei tantas vezes pela “descaradeza” de me tirar da zona de conforto, lá fomos nós num avião até Belgrado.

Mal chegadas lá e aqueles pequenos milagres a que normalmente chamamos estranhas coincidências foram-se sucedendo.

Um dos que mais gosto, foi o de termos encontrado o nosso apartamento, aprovado com entusiasmo pelas duas no site do Airbnb, sem a menor noção sobre a geografia de Belgrado mesmo em frente do Keppler Institut (onde se realizaria o exame), mesmo antes de termos conhecimento da morada do mesmo. Mas não referir o lindo sol, depois de longos dias de chuva e céu cinzento, com que Belgrado nos recebeu à chegada, permitindo-nos assim um belo passeio e cobrindo de neve a noite, o que nos deixou tão encantadas que até pareceria que estávamos de férias.

Lá chegou o momento de passar pelas seis horas de exame, que deixaram os nossos neurónios bem cansadinhos mas felizes porque depois de entregue o trabalho, havia que aproveitar e esperar. Não foi nada difícil desfrutar do tempo restante em Belgrado. Entre o passeio pelas ruas, a visita ao museu Nikola Tesla e o tempo passado com os nossos calorosos e inspiradores anfitriães, passou-se um instante e estávamos de volta a casa.

Se durante aqueles dias, depois do exame feito, o “choque térmico” tinha passado, durante o tempo de espera pelos resultados foi decorrendo entre a distração e a ocupação de volta à rotina, normalidade interrompida de vez quando em vez, por uma onda gélida: e se falhei? E sempre que acontecia voltava a olhar o medo nos olhos e dizia: que importa? Tentei! (nota: não era bem essa a palavra que usava, mas nem sempre o discurso interno duma mulher tripeira é passível de ser publicado).

Na verdade, com a passagem do tempo e a proximidade da época natalícia, estes efeitos foram desmaiando e foi muito pontualmente voltava a ter que olhar nos olhos do medo para lhe lembrar quem detinha a autoridade no assunto: Eu! Não ele, eu!!

Por vezes, nas minhas consultas, ouço as pessoas trazerem como crença a ideia que precisam livrar-se dos medos. Reconheço que parece tão confortável a ideia de poder caminhar sem medo, que preciso fazer algum esforço para resistir à proposta.
Imaginar que se pode viver sem medo, pode até parecer espiritualmente evoluído (seja lá o que isso seja) mas é absolutamente indesejável, senão impossível.

O medo é tão primordial e tão essencial à sobrevivência que quanto mais o tentamos ignorar mas alto ele tem que berrar para nos proteger.

Se em vez de fugir ou tentar ignorar, o olharmos nos olhos e o escutarmos, é tão mais fácil que parece mentira! Primeira grande vantagem: fica tudo mais sereno, porque em vez de gritos apenas precisamos ouvir palavras de aviso. Segunda grande vantagem: é mais fácil dominar o que nos permitimos encarar de frente, porque tudo que se move fora da nossa visão se torna mais obscuro.

Voltando á estória do desafio do exame, quando já os surtos de medos se iam tornando cada vez mais espaçados e menos intensos, quando a distração se estava a instalar por completo, chegou a notícia que serenou definitivamente o medo e instalou a alegria: o desafio estava superado e o esperado certificado estava a caminho.

Nos primeiros dias, a vontade de ter nas mãos a garantia, que todo este percurso tinha sido real, que o medo tinha cumprido o seu papel, ou seja, garantir que dentro do que me era possível tudo fazer para vencer o desafio, era imensa, mas também ela foi ficando cada vez mais ténue como uma luzinha de presença que quase esquecemos.

E eis que chegado o mês de abril ao dia 13, a materialização deste sonho, na forma duma linda página em formato A4, com o selo ISAR está nas minhas mãos e o medo, responsável pelo desempenho se entrega satisfeito à Alegria e Gratidão!

Termino com um agradecimento imenso à Vida pelas lições constantes, à Isabel Guimarães por ser na minha vida, esta inquietação constante que me tira o tapete dos pés e ao medo por me ter levado mais além!

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04Nov
Visitas ao Baú-parte II: Vamos falar de Vénus
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Com o Sol em Balança, é boa altura para republicar este texto

Vamos agora adoçar o tom, e hoje fala-se de Vénus, deusa do amor e regente do segundo signo do Zodíaco, Touro e do sétimo, Balança.

Como é costume nestas coisas de deusas e deuses, existem várias versões sobre o seu nascimento. Nasceu já adulta, e diz-se que é filha de Úrano, fruto do sémen que se espalhou pelo mar quando Saturno, que também era filho de úrano, o castrou.

Coisa muito complicada esta relação pai e filho, e que será fruto de análise noutra crónica. Relevante astrologicamente será o facto de Saturno e Vénus serem irmãos por parte do pai…

E como também, e é melhor que se vão habituando a isto, no essencial, a estória dela é a mesma de Afrodite, deusa grega , nomes diferentes, identidades próximas. É que a globalização não é coisa exclusiva dos nossos dias. Os Romanos fizeram-na muito bem e assimilaram tudo o que de mais importante as outras civilizações construíram.

Voltando a Vénus, quando chegou ao Olimpo, andaram todos os deuses “à turra” para ficar com ela, arrebatados pela sua beleza.

Tal como agora, naquele tempo, certos favores precisam de ser pagos, e Vulcano tinha ajudado Júpiter numa batalha fornecendo-lhe os raios com que ele derrotou os gigantes, logo teve direito a uma benesse especial.

Pobre de Vénus, presa num casamento de conveniência com um Deus. Está certo! Era um deus, mas feio como sei lá o quê, e ela acabou por se envolver com outros habitantes do Olimpo.

Uma dessa estórias foi abordada na crónica anterior e é mais famosa de todas. Foi a da paixão por Marte, que acabou enredada por uma rede invisível lançada pelo marido ciumento e exposta à risota de todos os outros deuses.

Adoro um pormenor que só mesmo uma deusa seria capaz. Ao ser abandonada por Marte, após a exposição pública, Vénus ressentida lançou-lhe uma maldição. Como qualquer mortal do sexo feminino sabe, este é um estado pouco propício a boas ponderações. E vai que Vénus resolver amaldiçoar Marte fazendo com que ele se apaixonasse por qualquer uma. Obrigadinha Vénus.

A sua ligação com Mercúrio e Baco também encheram páginas de revistas, e os filhos destas relações acabaram por ter o seu lugar. De Mercúrio nasceu Hermafrodito e de Baco Príapo. Todos eles personagens habituais de estórias bem apimentadas.

Há ainda o episódio delicioso, com Adónis, que acabou transformado em cervo, por Marte, muito zangado por ter sido trocado por um mortal. Boa lição para os mortais que se atrevem a meter-se com deusas, não concordam?

E de mitologia o essencial está referido, e traduzindo para astrologia, e com a ajuda de um(a) bom(a) astrólogo(a), através da colocação por signo e casa do planeta Vénus no vosso mapa, das suas dúvidas e certezas, podem obter pistas preciosas sobre como usar este pequeno tesouro, sobre o que apreciam e como a manter feliz. Não vá ela lançar-vos uma maldição…

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08Dez
O que é AstroGenealogia?
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No finais de 2014, através do meu primeiro mestre astrológico e amigo do coração, Leonel Verdeja, tomei conhecimento do trabalho de Enzo de Paola que viria a Portugal em Janeiro de 2015, para formar o primeiro grupo de trabalho nesta inovadora disciplina da área da Astrologia e desde logo a proposta me pareceu fascinante.

Assim em Maio de 2015, terminei a primeira parte desta formação que me certificou como assessora astrogenealógica e estou agora a fazer a Master Praticioner que terminará em Janeiro de 2016.
Se inicialmente estava fascinada, agora estou deslumbrada com a riqueza desta vertente terapêutica desenvolvida pelo Enzo de Paola baseada no trabalho de Daniel Dancourt, Erin Sullivan, Bert Hellinger e outros. (podem ler aqui as palavras do próprio Enzo : mi-encuentro-con-la-astrogenealogia )

Dada a dificuldade em encontrar material sobre este tema, resolvi fazer aqui uma espécie de apresentação desta área de estudo.

Caso vos interesse uma leitura do vosso mapa astrológico sob este ponto de vista, podem fazer as vossas marcações aqui: ervanariasveraluz.com

O que é a Astrogenealogia?

Também conhecida por Astrologia Sistémica, permite-nos o acesso a informação oculta que a nossa família transporta de geração em geração e que eventualmente nos pode bloquear nas nossas vidas, com obrigações e deveres inconscientes. Através dessas informações podemos estabelecer um poderoso processo de cura.

Do ponto de vista cientifico começa a ser uma hipótese de trabalho válida considerar que o nosso ADN , conforme demonstram as conclusões dos investigadores Kerry Russel e Brian Dias do departamento de Psiquiatria da Emory University (Atlanta, Georgia, EUA), transporta as experiências dos antepassados. Para esta disciplina da Astrologia, num nível de interpretação mais profunda dos símbolos do nosso tema astrológico natal, são revelados assuntos não resolvidos do nosso sistema, contando-nos a história da nossa vida ainda antes de nascermos.

Ao longo da nossa história familiar encontramos temas que se repetem de geração em geração. Antepassados com quem nos identificamos e cujas tramas arquetípicas reproduzimos sem sequer tomarmos consciências desses processos.

Nem sempre estamos de acordo com as escolhas dos nossos antepassados, escolhas que nos limitaram e determinaram, no entanto, entender que a sua história não lhes deixou alternativa é muito libertador. Aqui não se trata de perdão, mas sim de reconhecimento de que fizeram  o melhor que podiam fazer e que talvez nós possamos fazer melhor.

Depois de se estabelecer estas ligações numa fase seguinte,( para a qual ainda estou a completar a formação) os temas encontrados serão constelados e no final deste processo terapêutico, a pessoa tomará o lugar que lhe corresponde no sistema familiar e as responsabilidades que lhe competem. No trabalho astrogenealógico focaremos os conflitos mas também os dons, benções e talentos herdados do nosso passado familiar.

É um reencontro com as nossas raízes para nos abrirmos a novos horizontes e um reconhecimento de que fazemos parte duma grande alma familiar e que nos antecede e nos abraça.

Até já*

Consulta: http://astrogenealogia.com/sofia.html

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05Jan
Dia do Astrólogo e Dia de Reis
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No tempo em que era o Menino Jesus que trazia a prendas de Natal , ou seja, há muito tempo, lembro que ficava deslumbrada com estas três figuras do presépio.

No meio de tantos pastores com as suas ovelhas, agricultores com as suas oferendas humildes e anjos, estes homens ricamente vestidos acompanhados dos seus camelos pareciam ter um significado intrigante e simultaneamente fascinante.  Colocávamos estas figuras bem nos arredores presépio e à medida que os dias se iam passando  eles avançavam em direcção do Menino Deus e mal chegavam era altura de dizer adeus às decorações natalícias, encerrando as festividades à mesa com uma espécie de reedição do jantar de Natal.

Nunca me explicaram porque é que  chamávamos Magos a estes Reis, mas gostava da ideia de saber que perante aquela criança que trazia uma mensagem de Paz e Amor até os Reis se curvavam e ofertavam riquezas.

Hoje que conheço melhor a estória, sinto no título de realeza atribuído a Sabedoria destes Homens um vestígio do reconhecimento que se foi perdendo mas que, apesar de encoberto, estava lá.

Agora que sei que eram Astrólogos e que por isso sabiam ler nas Estrelas os sinais da Nova Era que se iniciava, gosto ainda mais desta Celebração.

E porque sabiam ainda antes que outros soubessem que a caminhada, apesar de árdua, valia a pena para poderem honrar a Divindade naquela criança que anunciava uma outra Era de Amor e Paz para todos os Homens na terra, não desistiram até o encontrar porque sabiam que caminho escolher.

A todos os que lêem nas Estrelas os caminhos que nos conduzem ao Divino, um desejo:
que saibamos reconhecer  o poderoso significado do nosso conhecimento e que nunca esqueçamos de o honrar, partilhando-o !

Feliz Dia do Astrólogo!

fica aqui um filme animado sobre os Reis Astrólogos
http://youtu.be/tjVQEnULzXM

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03Dez
Visitas ao Baú: Parte IX- Úrano, rei do Olimpo e Regente da Astrologia
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Úrano, rei do Olimpo e Regente da Astrologia.

Podem começar a quebrar todas as normas e regras que aprenderam com Saturno  na estória anterior, porque estamos prestes a entrar no reino de Úrano.

Romper as barreiras dos preconceitos, aceitar a diferença individual em função do colectivo, renovar normas estabelecidas. É disto que o planeta regente do signo de Aquário, gosta e foi esta uma das prendas que trouxe à Humanidade.

Mal se começa a estória logo  nos  deparamos  com um dado  interessante e significativo para a simbologia astrológica deste planeta. E pensando nisso,sorrio enquanto imagino a cara do funcionário da Conservatória lá do Olimpo, a pensar como haveria de explicar às chefias que este novo Deus não tinha progenitores conhecidos ou, melhor dizendo nem mesmo desconhecidos…como haveria ele de preencher a certidão de nascimento? Decidiu-se então que este recém- chegado não haveria de ter nem pai nem mãe.

Bem, o facto é que a falta de figuras de vínculo parental pode ter sido determinante na construção da personalidade deste Deus revolucionário e de alto sentido de grupo. Daí lhe terá vindo a facilidade em cortar laços ancestrais? E a facilidade com que se estabelecem novas amizades e novos projectos se protegidos pelas suas benções?

Para saberem um pouco da sua história e do seu complexo relacionamento com os seus filhos que levou à revolta do seu filho mais novo, Saturno, podem sempre recorrer à crónica anterior, onde se relata a castração do pai, pelas mãos do filho que deitou os despojos de tal acto ao mar.

Das gotas que caíram na terra nasceram umas criaturas muito desagradáveis, criaturas de maus intestinos, gigantes sem pingo de humanidade e outras figuras tenebrosas , mas dos despojos que caíram no mar formou-se uma espuma da qual  nasceu Vénus( ou Afrodite, conforme preferirem), cena muito bem ilustrada por Boticelli uns anos mais tarde e todos bem conhecemos.

Da vida de Úrano, pouco se sabe a não ser que a lenda diz que teria sido o primeiro dos Reis da Civilização Atlante e que foi um excelente  astrónomo e astrólogo,( o que é uma redundância porque, caso não saibam, por aquelas alturas e durante muitos e muitos anos estas duas artes eram uma só). Diz-se também que era muito hábil nas suas previsões e que foi o inventor do primeiro calendário.

Para quem esperava as cenas costumeiras nestas crónicas de mitologia ligth, contando amores e desamores, raptos e maldições e afins, vai voltar a casa decepcionado.

Ao que parece Úrano estava demasiado entretido a tentar perceber como ensinar os Atlantes a construir uma sociedade mais justa e equilibrada, e por isso lhe sobrou pouco tempo para se envolver com mortais e menos ainda com deusas de grande beleza mas de difícil temperamento. E nem sequer para os seus filhos tinha grande paciência…lembrem que preferia mantê-los encerrados a lidar com as suas diabruras.

Agora que se divertiram um pouco com as suas desavenças e já conhecem o infeliz desfecho do seu mandato governativo no Olimpo, marquem a vossa sessão de aconselhamento astrológico e fiquem a saber mais sobre o posicionamento de Úrano no vosso mapa natal.

Conforme o seu posicionamento  por signo e por casa e pelos aspectos que fizer com outros planetas, que é outra maneira de dizer como ele se relaciona com as outras partes de si, saberá onde está a sua semente de mudança, tantas vezes limitada pela sua parte Saturnina, aguardando o seu cuidado para que possa manifestar-se.

Lembre que na história da castração de Úrano por Saturno, nasceram criaturas terríveis mas também nasceu a Deusa do Amor, Vénus.

No fundo a escolha é sua, e que melhor forma de cuidar de qualquer semente do que lhe conhecer a natureza?

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27Nov
Visitas ao Baú: parte VIII- Saturno, ou o Senhor do relógio…
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Duas coisas seriam de esperar de uma crónica relativa a Saturno, o senhor do Tempo:

A primeira é que fosse bem estruturada e organizada e que antes de ser publicada fosse sujeita a várias revisões até que chegasse perto da perfeição técnica. Ora, excluindo a última parte, a da perfeição, o restante foi devidamente observado e realizado.

A segunda, seria que tivesse um tom oficial e protocolar, excluísse adjectivos ou qualquer outro enfeite desnecessário de forma a ficar parecida com um relatório instituticional. E quanto a esta… bem… como iniciar oficial e protocolarmente uma crónica que tem início com o herói da estória a mutilar o pai? E como se não bastasse, cometeu este acto munido de uma foice que lhe foi dada pela própria mãe. Acham possível? Eu não fui capaz…

E o que me fez sorrir e abandonar o devido tom sério e carrancudo que tanto agradaria a Saturno, é que ele foi avisado que um dos seus filhos o derrotaria retirando-lhe o poder. Pois é, meu querido Saturno, a seu tempo, (a teu tempo) tudo o que se faz acaba por se pagar.

A verdade, é que, mais tarde, Réia, a esposa deste herói, cansada de perder todos os seus filhos por causa do medo de perder o pelouro de senhor do Olimpo que assombrava o seu esposo, engendrou aquele plano fantástico de lhe dar uma pedra embrulhada em panos, fazendo-o crer que era Júpiter, o seu último filho. E assim se cumpriu o ditado, que sendo actual já devia ter correspondente na antiguidade: quem com ferros mata, com ferros morre. Pensando que a pedra era seu filho, acabou por deixar viver aquele que acabaria por lhe usurpar o tão amado poder. Aquele poder que ele já havia usurpado a seu pai, Úrano.

A bem da verdade importa referir que Úrano tinha o seu mau feitio e que aquela coisa de não gostar dos seus filhos, mais um vez por receio de ser destronado por quem ele próprio criara, não era muito bonita. E tê-los todos presos no interior de Gaia, a sua mulher, (que por acaso também era sua mãe), não lhe serviria de atenuante caso fosse um comum mortal apresentado à justiça divina.

E parece que são sempre as Deusas, levadas pelo seu amor de mãe, (coisa que parece tão forte quando se trata de deusas como de mortais), que conduzem os seus próprios filhos à revolta numa tentativa de reinstalar a justiça. Desta vez, foi Gaia, a mãe de Saturno que lhe entregou uma foice, fabricada com o aço que retirou do seu próprio corpo, para que castrasse o seu pai acabando assim com aquela inconveniente situação. Como é evidente, o jogo do poder estava directamente relacionado com a questão da testosterona… e assim sendo, Rei castrado, Rei posto!

E iniciou-se então o reinado olímpico de Saturno.

Poucas referências se encontram sobre o mesmo e, desta vez, nenhuma referência a casos extra conjugais, tão habituais nestas crónicas, o que diminui bastante o interesse desta peça. Por vezes, é-lhe atribuída a fundação de Roma e, de resto, parece ter-se tratado de uma época tranquila e sem grandes convulsões.

Acabaria por ser destronado do Olimpo pelo seu próprio filho, como ele próprio fizera com o seu próprio pai. Saturno refugiou-se no Lácio onde liderou uma idade de ouro e ensinou aos homens a agricultura e formou outra família. Do mal o menos, da tragédia do poder perdido, partiu para a criação de coisas bem mais positivas. Deu a volta por cima, como podemos ver.

E além desta estória, que mais podem saber sobre este Senhor para quem a paciência e o tempo são essenciais? Que a sua posição em cada mapa astrológico vos indicará, (e já sabem que podem e devem consultar um especialista na área), em que tipo de experiências e em que áreas de vida vos será exigido maior esforço e perseverança. E em quais serão chamados a aceitar limites e estruturas.

Por onde ele andar, (e fiquem sabendo que ele anda, por esta altura, pelo signo de Escorpião), é por onde será necessário demonstrar maior cuidados nas vossas escolhas a fazer.

Por isso, não se admirem se sentirem que na área associada a Balança, ou seja, nos relacionamentos, mais do que nunca importa estruturar muito bem tudo o que se decide, repensando as situações e agindo com cautela e visão de longo prazo. Saturno gosta de ver tudo muito bem feitinho, nem que para isso seja preciso esperar.

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21Nov
Visitas ao Baú – parte VII: As fases ou faces da Lua
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E eis que cheguei ao meu reino predilecto…a Lua!

Regente do quarto signo do zodíaco, Caranguejo, a Lua reina sobre a maternidade , as emoções, tudo o que signifique  colo e alimento. Mas também aquilo que por vezes desconhecemos sobre nós próprios e sobre as nossas necessidades emocionais.

Na mitologia aparece sob o nome de Selene, é irmã, parceira e companheira  de Helios.

Raiz constante de todas as deusas, Ísis, Maria, nela vemos as várias fases ou faces do feminino, dela encontramos partes em todas as Deusas.

Por agora, vou falar-vos da bela estória de amor de Selene com Endímion .

Tem todos aqueles ingredientes a que já nos habituamos.

Deuses e mortais , todos igualmente vitimas da seta  malandra do Cupido, ultrapassando limites e fronteiras de todo o tipo. Mas afinal, quem é que alguma vez ouviu de uma paixão equilibrada, social e culturalmente conveniente??  Se as há, serão como alguns mitos urbanos…nunca ninguém sabe realmente quem são os intervenientes da história, mas ouvimos contar que…

Ia  Selene no seu passeio pelos céus, quando o seu olhar se encantou com a  beleza de um jovem pastor que dormia ao relento com o seu rebanho, e fez parar a noite para poder admirar o rosto daquele mortal, despertando-o com os seu dedos de raios de luar.

Para os encontros amorosos vestia-se de prata e branco, e embelezava seus olhos, azuis claro com as cores do amanhecer, trocavam olhares ao longe e beijava-o com seus raios de luz.

Apesar da impossibilidade de se encontrarem fisicamente, os outros deuses indignaram-se com aquele amor, entre Deusa e mortal  e pediriam a Zeus que o punisse.

Tal como para o mais comum dos mortais masculinos, também Zeus se sentia pouco á vontade para decidir sobre estes assuntos dos coração e preferiu passar a responsabilidade à  sua esposa oficial, Hera, para que pensasse no castigo a dar ao casal apaixonado.

Mas o coração feminino de Hera deixou-se encantar por aquele amor. Desencantou então uma solução, para que não houvesse que dizer sobre a diferença de estatutos, pediu a Zeus para conceder a  imortalidade a Endímion.

Parece que as discussões entre Zeus e Hera, eram constantes e ciumentas e este encanto da esposa pelo pastor não foi muito do seu agrado do deus dos Deuses.

Por isso ele acedeu, porém uma condição, manteria o jovem e imortal, para que pudessem ele pudessem continuar a viver a sua história de amor, mas ele estaria sempre dormindo.

Hera, partilhando a dor de Selene, e conhecendo bem os caminhos do coração que sofre por amor , tentou aligeirar a sentença dada por Zeus.

Num acordo com Hipno, Deus da noite pediu-lhe que cumprisse as ordens de Zeus mas acrescentou o pedido para que Endímion dormisse com olhos abertos para que pudesse contemplar Selene. Durante os seus sonhos poderia reviver a sua bela história de amor e que nos seus sonhos poderia reviver todos os momentos memoráveis que tinha passado  com a sua amada.

E assim, a cada noite Selene entregava à sua tarefa de percorrer os céus no seu carro prateado aos seus bem treinados cavalos brancos e despindo-se das suas roupas luminosas ia ao encontro do seu amante. E em sonhos se encontravam com tanta força como se fosse realidade.

De amor irreal nasceram as 50 filhas da Lua e diz-se que destas nasceram os sonhos femininos das que amam à distância, dos amores impossíveis que se concretizam apenas no reino dos sonhos.

Voltando um pouco à Astrologia, a Lua, juntamente com o Sol e o Ascendente, forma a estrutura básica da personalidade.

Ela rege a forma como reagimos aos acontecimentos emocionais, conta-nos como gerimos os impulsos emocionais, descreve de que cor é a nossa raiva, alegria, tristeza.

E na vossa próxima consulta astrológica ouçam bem o que a vossa Lua tem para vos contar. Poderão ficar bem mais conscientes sobre o que precisam fazer para encontrar o vosso ponto de equilíbrio emocional, sobre como encontrar o alimento que a vossa Lua necessita.

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05Nov
Visitas ao Baú – parte V- Mercuriando
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Em tempo de Mercúrio em movimento retrógado, estas viagens ao baú para republicar estas crónicas inicialmente publicadas no Sapo Mulher, têm sido surpreendentemente agradáveis para mim. Estes textos tive14ram um parto quase forçado e escrever ainda não é algo que me aconteça com facilidade, mas reler estas palavras trouxe-me vontade para me contrariar e sair da tal da zona de conforto para voltar à escrita.

O Deus da Comunicação nasceu cheio de recursos e parece que ainda mal tinha acabado de nascer e começou logo a fazer disparates e deu sumiço numas ovelhas que Apolo guardava, voltando matreiro para o berço.

Claro que ninguém acreditou quando Apolo tentou acusá-lo. Perante Júpiter, Mercúrio arranjou maneira de não mentir, mas também de não dizer a verdade. Daí vem aquela coisa de ele ser o patrono dos ladrões e mentirosos. E ainda aproveitou por encantar os deuses com a sua lira e Apolo, deliciado com aquilo, propôs-lhe uma troca e deu-lhe o caduceu. Já perceberam porque é que ele é o patrono. Dos ladrões, mentirosos e comerciantes?? Nunca me pareceu bem estas misturas, mas os deuses são seres muito complexos, nada como os humanos. Filho de Júpiter, transportava as mensagens dos deuses, por isso não tinha residência fixa.

Ainda bem que na altura não havia cartões únicos e essas coisas, senão ele estava desgraçado de cada vez que tivesse que preencher um formulário. Na versão grega, sob o nome de Hermes, transportava os mortos até ao mundo inferior. Apaixonado por Persefone, tentou resgatá-la do mundo de Hades, sem sucesso.

Mercúrio era um deus que fazia imenso sucesso: magrinho, ágil, muito expressivo, tagarela. E, por isso, teve imensos casos amorosos, um deles com Vénus, do qual nasceu Hermafrodito.

O chapéu dá-lhe invisibilidade, os sapatos com asas dão-lhe rapidez, tem uma bolsa para guardar os seus lucros… aqui encontramos relações com o signo de Gémeos. E, no caduceu – que é uma espécie de bastão que narcotiza, mas também símbolo da sabedoria de quem conhece as ervas – a relação com o signo de Virgem. Todos os planetas (não contando o sol e a lua) têm uma coisa que se chama movimento retrógrado, mas o de mercúrio é muito famoso. Nestas alturas, é evitar assinar contratos, compras e vendas e ter duplo cuidado com o que diz e escreve.

Para finalizar, o conselho do costume: vão lá conversar com a vossa astróloga e perguntem-lhe sobre a posição por signo e casa do vosso mercúrio, vão entender bem melhor como pensam e comunicam.

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03Nov
Relaxamento
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Olá a tod@s,

Tenho por hábito enviar, aos pacientes que atendo em Hipnoterapia, umas induções de relaxamento, para usarem em casa, porque isso ajuda a preparar e a reforçar os efeitos do processo terapêutico.
Esta semana uma paciente sugeriu que eu partilhasse as mesmas, por isso, apesar da fraca qualidade de gravação (que inclui ruídos de fundo…), aqui está a primeira.
Espero que possam desfrutar de momentos agradáveis enquanto relaxa. 🙂

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28Out
Visitas ao Báu IV- Neptuno,o Senhor do Mar e regente do décimo segundo signo, Peixes
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É fácil perdermo-nos em Neptuno… Por isso, o melhor,  é mesmo começar pelo início, contando sobre o seu nascimento.

Talvez ainda se lembrem que Saturno, o pai de Neptuno, tomado pelo medo de ser destronado, devorava os seus filhos. E que Reia, que já estava mesmo cansada de perder os seus rebentos, engendrou uma forma, assim como tinha feito com Júpiter e com Plutão, de esconder Neptuno da fúria devoradora de seu pai entregando-o a uns pastores para que fosse criado longe de perigos.

Quando o temor de Saturno se concretizou e os seus próprios filhos, por razões que ele próprio alimentou com o seu medo de perder o poder, o expulsaram do trono Olímpico, coube a Neptuno, como recompensa pela participação revoltosa, o reino das águas e assim chegou ao cargo de Senhor dos Oceanos.

Como símbolo do seu poder, usa o tridente com o qual abala a terra e os oceanos, criando os terramotos e os maremotos. Com o seu toque, faz brotar água e tem o direito de criar as grandes secas e as grandes inundações. É no fundo do Mar Egeu que tem a sua moradia, num belo palácio de ouro, e percorre o seu reinado numa carruagem, seguida por milhares de nereidas, hipocampos, delfins, ninfas e todas as deslumbrantes criaturas marinhas que encheram a imaginação de todo o tipo de artistas.

A criação do cavalo, a partir de um pedra usando o seu tridente, foi o seu contributo para a competição com Atena numa disputa pelo poder sobre a cidade de Atenas. Numa reunião no Olímpo, os deuses deliberaram que o domínio da cidade seria atribuído a quem fosse capaz de desencantar o presente mais útil á Humanidade. A sua oferta á humanidade, que lembra um pouco o significado de Sagitário,(cujo símbolo é um centauro, misto de homem e cavalo) não foi, no entanto, capaz de vencer a oliveira criada por Atena. (Está visto que para os Deuses o alimento, a vida e a luz que a oliveira representa valeram bem mais que tudo que o cavalo significa…)

Este rei aquático era conhecido pelos seus poderes mágicos que usava para se disfarçar, fazia-se envolver por uma nebulosa aura, atraindo com ela magneticamente as mulheres dos outros. Aproveitando com isso para as roubar e seduzir. Dizem as más-línguas que, uma vez que recebeu no seu reino os órgãos castrados de Saturno, também participou na progenitura de Vénus, a deusa do amor saída das suas águas, ou seja, deu início ao princípio da paternidade partilhada. E esta não é sua única filha famosa nestas andanças mitológicas, é possível que também conheçam Medusa e as suas várias cabeças e ainda Atlas que carregou o mundo nas suas costas. Há ainda quem lhe atribua a progenitura de Pégasus, ( a sua mania dos cavalos) embora não seja consensual este facto. Quem está habituado a ler nas entrelinhas mitológicas, já percebeu, entretanto, o essencial da simbologia deste planeta no enredo astrológico.

Neptuno representa o sonho, as fantasias mas também o vício. Nele não há limites e é impossível detê-lo. Tal como as suas águas, traz prazer, inspiração, mas pode afogar em destruição. Se observarmos a época em que foi descoberto o planeta, encontraremos algumas pistas sobre os seus múltiplos significados. Assim o nascimento da Cruz Vermelha, a criação dos Direitos Humanos, os contributos de Freud com a hipnose de depois com a psicanálise, o conceito de inconsciente colectivo de Carl Jung, o aparecimento da fotografia e do cinema e a sua inevitável criação de mitos e ilusões transmitidos massivamente. São bons exemplos da carga simbólica atribuída a Neptuno.

Como o seu ciclo pelo zodíaco leva 168 anos a completar, isto equivale a dizer que fica em cada signo aproximadamente 12 anos. Assim o signo de morada para cada geração, do Rei dos Oceanos, fala-nos sobre os mitos captados pelo inconsciente colectivo de cada geração. A sua morada no nosso mapa natal mostra onde procuramos pelo absoluto, onde teremos que lidar com a desilusão que segue, inevitavelmente, a ilusão, e indica o nosso roteiro para o caminho espiritual.

Como vem sendo habitual, fica a sugestão para procurarem um tradutor competente (vulgo astrólogo/a) que vos ajude a entender melhor o que Neptuno tem a dizer sobre o vosso plano individual de vida e, de que forma, melhor o podem sintonizar. Procure um perto de si, ou até longe, se quiser aproveitar as novas tecnologias,  e logo ficará mais claro o caminho a seguir… Até já,

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